A história de Tristão e Isolda, de origem celta, não só incendiou a imaginação de poetas, músicos, ficcionistas e dramaturgos por vários séculos — tendo inspirado a célebre ópera de Wagner —, como nutriu aquela que talvez seja a principal concepção de amor do Ocidente: a que considera a paixão amorosa uma loucura, mas também uma bem-aventurança, a qual, para se realizar, não hesita em desafiar as leis e os costumes.
Em o romance de Tristão, de Béroul, é uma narrativa rimada e metrificada, composta entre 1150 e 1190, que integra o ciclo de histórias do rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. Considerado uma verdadeira joia dos primórdios do romance moderno, nele não faltam poções mágicas, juras e mal-entendidos, emboscadas, intrigas, travestimentos e mascaradas, numa sucessão de reviravoltas que combinam heroísmo, malícia, humor e lealdade, atravessados por um lúdico e saudável erotismo.
A presente edição bilíngue, apresentada e traduzida por Jacyntho Lins Brandão, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, foi vertida diretamente do francês arcaico e recupera, em nossa língua, todo o brilho, o frescor, a inventividade e o colorido dos 4.485 versos dessa indiscutível obra-prima da literatura medieval.