Com Mariano, entram em conflito policiais, editores de literatura, desembargadores e suas liminares, diretores de cinema, incels, recepcionistas de empresas do latifúndio, estudantes universitários reprovados, músicos pop machistas, o prefeito da cidade, diretoras de teatro, neonazistas em redes sociais, militantes cisnormativas, capangas do tráfico de escravos, professores de oficinas literárias, cristãos fundamentalistas, jurados de prêmios musicais, o secretário de assistência social, um filósofo mascote do liberalismo oitocentista, guardas municipais e outros de diversas espécies enquanto ocorrem audiências da comissão da verdade, chuvas de gafanhoto, linchamentos virtuais, sabotagem de equipamentos públicos por administradores neoliberais, resgate de trabalhadores migrantes, estupros, bancas de concurso para professor universitário, venda de balas nos semáforos, ocupação de imóveis vazios por movimentos de moradia, cerimônias em centro de umbanda, cantos de trabalho no metrô, uso de binders, arranjos musicais para canto e percussão, reciclagem do lixo urbano, troca de fotos de pacientes nuas em grupos de profissionais da saúde, cartas abertas de homens de bem, reportagens sobre pessoas em situação de rua, pareceres para revistas acadêmicas, interpretações da ária “Casta diva”, a publicação de um livro com título “Gravata lavada”.
Pádua Fernandes (Rio de Janeiro, 1971) escreveu os livros de poesia O palco e o mundo (Lisboa: &etc, 2002), Cinco lugares da fúria (São Paulo: Hedra, 2008), Cálcio (Lisboa: Averno, 2012; São Paulo: Hedra, 2015; a tradução para o espanhol, feita por Aníbal Cristobo, foi publicada na Argentina por Libros de la Talita Dorada em 2013), Código negro (Desterro: Cultura e Barbárie, 2013), Canção de ninar com fuzis (Bragança Paulista: Urutau, 2019) e O desvio das gentes (São Paulo: Patuá, 2019). Publicou também o volume de contos Cidadania da bomba (São Paulo: Patuá, 2015) e o ensaio Para que servem os direitos humanos? (Coimbra: Angelus Novus, 2009), além de diversos artigos nos campos de literatura e direitos humanos. Organizou a única antologia da poesia de Alberto Pimenta publicada no Brasil, A encomenda do silêncio (São Paulo: Odradek, 2004). Realizou pesquisa de pós-doutorado no IEL–Unicamp sobre literatura brasileira contemporânea e justiça de transição. Recebeu o Prêmio Minas de poesia inédita por Cálcio em 2012, e o prêmio Guavira, do governo do Estado do Mato Grosso do Sul, por Cidadania da bomba, como melhor livro de contos de 2015. Foi pesquisador da Comissão Nacional da Verdade, da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” e da Comissão da Memória e da Verdade da Prefeitura de São Paulo.