A história de amor do Gato Malhado e da Ando- rinha Sinhá eu a escrevi em 1948, em Paris, onde en- tão residia com minha mulher e meu filho João Jorge, quando este completou um ano de idade, presente de aniversário; para que um dia ele a lesse. Colocado jun- to aos pertences da criança, o texto se perdeu e somen- te em 1976, João, bulindo em velhos guardados, o re- encontrou, dele tomando finalmente conhecimento.
Nunca pensei em publicá-lo. Mas tendo sido dado a ler a Carybé por João Jorge, o mestre baiano, por gosto e amizade, sobre as páginas datilografadas desenhou as mais belas ilustrações, tão belas que todos as dese- jam admirar. Diante do que, não tive mais condições para recusar-me à publicação por tantos reclamada: se o texto não paga a pena, em troca não tem preço que possa pagar as aquarelas de Carybé.
O texto é editado como o escrevi em Paris, há quase trinta anos. Se fosse bulir nele, teria de rees- truturá-lo por completo, fazendo-o perder sua úni- ca qualidade: a de ter sido escrito simplesmente pelo prazer de escrevê-lo, sem nenhuma obrigação de público e de editor.
Londres, agosto de 1976