A máquina etimológica é como um projetor de filmes. Ao digitarmos uma palavra e acionarmos o primeiro botão - o da ciência, surgirão na tela a palavra, na lingua que lhe deu origem, e a raiz responsável por seu nascimento. Exemplo com a palavra que deu nome a uma ave: pavão. Veremos na tela o latim pavonis e a raiz pav, cujo significado é bater. Essa raiz terminou adquirindo o significado de meter medo, segundo alguns estudiosos, pois o gesto de uma pessoa bater em outra geralmente mete medo. Até aqui, ficamos na órbita puramente acadêmica do assunto.
Apertemos, agora, o segundo botão - o do teatro da vida. Passamos a ver cenas de uma praça da Roma imperial e grupinhos de pessoas comentando sobre a chegada, naquela tarde, de uma carroça cheia de aves exóticas, importadas da Grécia, nunca vistas pelos habitantes da cidade. Em dado momento, desemboca de uma das ruas a tão aguardada carroça, transportando algo parecido com uma jaula toda fechada. O povo continua na expectativa. Lentamente, o veículo se aproxima da praça. Logo que o estaciona, o condutor inicia a montagem de um tablado e ao mesmo tempo relata a longa viagem. Ele avisa que uma das aves é originária da Índia. Tudo pronto. Uma portinhola é aberta e, de lá, é retirada uma ave estranha, de bela plumagem colorida, que é posta no tablado. De repente, surpreendentemente, a ave começa a abrir suas enormes penas e se agiganta, causando uma correria infernal e um grande pavor. A sensação de medo foi captada por alguém e a ave foi batizada de pavonis, em latim, pavão no português, exatamente pelo pavoris, melhor dizendo, pavor que ela provocou.
Assista a outros filmes neste livro. Boa leitura e boa imaginação!