Três motivos, para dizer o mínimo, dão a esta obra de estreia de Tatiana Brechani a devida singularidade. O primeiro é a solidão que avulta como tema-protagonista deste livro dual fato - raro na prosa brasileira contemporânea, sobretudo por ser a solidão de uma escritura que gera outra - a da leitura. O segundo motivo: a interação proposta pela autora ao leitor, para que ele também expresse a sua solidão, completando as páginas em branco, correspondentes às assertivas da solidão-narradora, na linguagem que lhe convier. E o terceiro: a potência do mosaico de sentimentos emanada dos pequenos textos aqui condensados e que, de per si, denotam uma observação poética superlativa de sua criadora. Cabe à solidão do leitor, portanto, dialogar com as provocações aparentemente singelas (mas poderosas) de Tatiana. Solidão Alma Gêmea resulta, assim, numa obra fora dos padrões - para você solitariamente circunscrever nela os seus vazios. Um diálogo entre a palavra e o silêncio. A ficção impressa e as redes sociais. E, apesar do assunto doloroso, uma inesperada alegria literária.
João Anzanello Carrascoza
Tatiana Brechani, nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, é pós-graduanda em Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo pela PUC-RJ, idealizadora do projeto A Metáfora dos Dias, que sensibilizou 30.000 pessoas no Facebook e Diretora de Operações do Observatório do Livro, onde trabalha pela efetivação do direito humano à lei