Leonora é uma mulher que vive com seus demônios. Para se ver livre de uma história de violência que culminou num acidente de carro que deixou sequelas, e que causou a perda do seu emprego como professora, ela decide ir morar na terra em que sua mãe nasceu. Em Baependi, uma pequena cidade no sul de Minas Gerais, passa a viver das traduções que faz para a empresa de um amigo. A jornada é de sobrevivência e de busca por um isolamento desejado, que lhe permita viver em paz. No entanto, o que a espera não tem nada a ver com paz. Aos poucos, enquanto traduz o livro de uma feminista francesa, vai sendo envolvida por vidas nada pacatas. Paula Regina, uma adolescente que passa por graves problemas. Fazal, um rapaz afegão que tem um passado de sofrimento marcante. Anna Bonifácio, uma escravizada do Séc. XIX cuja históría lhe chega por meio de documentos antigos. E Nhá Chica, a filha de uma escravizada que foi beatificada pela Igreja Católica em 2013 e por quem Leonora sente fascínio desde pequena, por influência de sua mãe.
Essa trama de desacertos, sofrimentos e narrativas intensas fala da dominação e da escravização do humano em diversos níveis. A escravização física. A escravização religiosa. A escravização sexual. E sobre os caminhos que cada um deles escolhe trilhar em direção à liberdade.
Cinthia Kriemler é romancista, contista e poeta.
Publicou, pela Editora Patuá: Exercício de leitura de mulheres loucas (Poesia, 2018); Todos os abismos convidam para um mergulho (Romance, 2017), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018; Na escuridão não existe cor-de-rosa (Conto, 2015), semifinalista do Prêmio Oceanos 2016; Sob os escombros (Contos, 2014) e Do todo que me cerca (Crônicas, 2012).
Carioca, mora em Brasília.