Ainda Solama é um romance atemporal e distópico, que discute a questão do ainda colonialismo nos tempos atuais. A história se passa em Solama, uma comunidade periférica fictícia da cidade de Salvador, mas que poderia ser qualquer uma das diversas comunidades periféricas do Brasil. Doroteia, enquanto encarnação da experiência fraturada do Atlântico negro vive uma existência atravessada pela dimensão da interseccionalidade (raça, classe e gênero). Ela assistiu seu mundo e seu passado ser destroçado por vezes, viveu dissabores e a desumanização antes de tornar-se classe média alta, mas a que preço, uma vez que Doroteia permanece sendo tratada como uma exilada do mundo, isto é, uma refugiada em seu próprio país e a expressão da experiência diaspórica desse não lugar que é um viver fraturado e na liminaridade. Nem completamente dentro; nem completamente fora do mundo globalizado. Numa relação permanente de negociações e conflito com o ainda mundo colonial, onde colonizadores e colonizados, sádicos e humilhados, permanecem unidos e interdependentes – subjetivamente, inclusive – como duas faces obsessivas de uma mesma moeda.
Bruno A. Oliveira nasceu na cidade de Paripiranga, sertão da Bahia, em 1985. Possui graduação em sociologia, história, pedagogia. É doutor em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, com mestrado em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia - UFBA, onde também cursou sua graduação em ciências sociais, com licenciatura e bacharelado em sociologia pela UFBA. É professor na Escola Técnica Estadual de São Paulo - ETEC - do Centro Paula Souza. No campo da literatura ficcional: "Ainda Solama" – pela Editora Patuá, é o seu segundo romance. Publicou também o romance: "No Tutano do Osso" (2016); além de outros trabalhos escritos no campo acadêmico.