John Maxwell Coetzee – que substituiria o nome do meio por Michael em sua assinatura literária – nasceu em 1940 na Cidade do Cabo, África do Sul, em uma família descendente de boêres, holandeses que chegaram ao país no século XVII e deram origem ao idioma dos brancos no país, o africâner. O regime de segregação racial foi tema de seus primeiros romances e está, de uma forma ou de outra, inscrito em toda a sua obra. O pai de Coetzee era funcionário público e a mãe, professora. Em casa era falado o inglês, mas usava-se o africâner externamente. Coetzee, que adotaria o inglês como língua literária, passou a maior parte da infância na Cidade do Cabo. Depois de um período no Reino Unido, onde trabalhou como programador de computadores na IBM, Coetzee mudou-se para os Estados Unidos para dar aulas de literatura em universidades. Publicou em 1974 seu primeiro livro, Terras de sombras, e teve o nome projetado internacionalmente com a distopia À espera dos bárbaros, de 1980. O escritor foi o primeiro a ter duas obras reconhecidas com o prestigioso Booker Prize. Recebeu o primeiro em 1983, pelo livro Vida e época de Michael K., uma alegoria do apartheid; e o segundo, em 1999, por Desonra, que se tornou o romance mais conhecido, e lhe rendeu também uma avalanche de críticas. No enredo, a filha do narrador, branca, é estuprada por um grupo de negros. Aclamado no exterior, o livro foi mal recebido na África do Sul, acusado por não contribuir para a pacificação entre brancos e negros depois do fim do apartheid. Depois dessa repercussão, Coetzee mudou-se para a Austrália, onde se naturalizou em 2006. Os romances mais recentes do autor pertencem a duas trilogias, a autobiográfica Cenas da vida na província (Infância, Juventude e Verão) e a série distópica composta por A infância de Jesus, A vida escolar de Jesus e A morte de Jesus.