Matheus Arcaro conseguiu, com o lado imóvel do tempo, a mesma intensidade e o mesmo envolvimento dos melhores contos de seu livro anterior, Violeta velha e outras flores. Na verdade, os capítulos curtos desta narrativa longa são quase contos de atmosfera. Uma atmosfera tensa, delineada por uma linguagem ora lírica ora reflexiva.
A premissa do romance é excelente: um poeta frustrado e rancoroso que faz do assassinato em série uma arte. Salvador dos Santos é um psicopata ao mesmo tempo carismático e repulsivo, que vive assombrado por muita gente: o pal, a mãe, a mulher, os amigos... Mas principalmente pelo fracasso literário.
Como não gostar do sujeito? Salvador é um louco fudido entre loucos fudidos. A relação dificil com as obras-primas da literatura, de inveja e ódio, tornou profundo o personagem, humanizou seu drama.
Qualquer ambição desmedida é algo patético, mas a ambição literária desmedida chega a ser um veneno traiçoeiro. Frequentador dos bastidores da cena literária, Matheus Arcaro expressou muito bem essa verdade incômoda.
(Nelson de Oliveira, prêmio Casa de las Américas 2011)
O lado imóvel do tempo é uma obra vigorosa, com personalidade, que reafirma o talento de Matheus Arcaro como ficcionista.
(João Carrascoza, prêmio Jabuti 2015)
Matheus Arcaro é Mestre em Filosofia contemporânea pela Unicamp. Pós-graduado em História da Arte. Graduado em Filosofia e também em Comunicação Social. É professor, artista plástico, palestrante e escritor, autor do romance O lado imóvel do tempo (Editora Patuá, 2016), dos livros de contos Violeta velha e outras flores (Editora Patuá, 2014) e Amortalha (Editora Patuá, 2017), do livro de poesias Um clitóris encostado na eternidade (Editora Patuá, 2019) e do livro de filosofia Nietzsche: verdade com metáfora e linguagem como dissimulação (Editora Amavisse, 2022). Também colabora com artigos para vários portais e revistas.