No fundo do lago escuro, um monstro primitivo sonha o amor. E não há ninguém que possa provar. Sobre as geleiras, os lobos continuam a caçar. E ninguém saberá se desistirão de seus uivos tristes. Sob as geleiras, as baleias-azuis aguardam a comida pacientes. E ninguém conhecerá a história do silêncio que as tornou poderosas. Ela ouviu dizer que, na capital devastada, um homem se pôs de pé e pediu o céu, mas ninguém saberá. Nos campos férteis, parece que uma boa mãe vê o filho tombar feliz de uma corrida quase voo, e ninguém saberá por que essa mãe chegou a sorrir quando o menino lhe exibiu a mágoa de um filete de sangue. O dia raia cheio de trabalho e não há mais ninguém no mundo para acordar as crianças, e os deuses rondam sós como espectros menores. Alguém grita que há dois namorados na esquina. Todos correm para celebrar o jubileu, mas não há ninguém no mundo. Ninguém! - choram os namorados. Os lobos fixam o olhar no horizonte derretido. As baleias fecham os olhos e cantam a união dos sentidos. E não há, não há ninguém no mundo para separar coisa e descoisa. E um índio velho sabia de tudo. E a violência de um líder era tão absoluta que chegava a torná-lo inocente, como folha que cai de velha.