“Minhas memórias não são confiáveis. Quando cito nomes, eles são verdadeiros quando descrevo personagens, eles são reais, existem ou existiram um dia, porém, os fatos relatados podem ser apenas embustes da lembrança, cenas que se modificam a cada acesso. Poderia dizer que minha memória se parece com uma cômoda gigante quadridimensional, com gavetas que eu posso abrir, vasculhar e encontrar informações que preciso. Nelas, quando procuro o que eu quero encontro o que não quero. São armadilhas, tem laterais e fundos falsos que se abrem aleatoriamente, misturam o que já estava separado com o que eu não quero saber. Assim são minhas lembranças: quase ficção.”