Uma costura de mulheres. Tarsila alinhavada com Eulália, Amanda, Lúcia, Adelaide, Rosa. E na mesma sequência de pontos está Capitu, Macabéa e Deus (sim neste pano Deus é mulher).
A origem do mundo, contos de Matheus Arcaro, traz a breve história de dezessete mulheres. Uma menina que perde a mãe, uma mulher que é quase mãe, uma avó que recebe a visita dos netos, uma Vênus de Milo com braços, uma sogra assassina, uma bebê ainda não nascida, uma mulher prestes a se explodir, uma puta que segreda o sonho de ser freira, uma condenada no corredor da morte.
E cada uma delas, portando útero e ovário, poderia, sozinha, ter gestado e parido o universo inteiro.
Com uma narrativa sensível e habilidosa, Matheus não responde à pergunta que bell hooks faz na epígrafe: “o que é uma mulher?”. Mas certamente faz com que o leitor reflita sobre ela.
(Maria Fernanda Elias Maglio, Prêmio Jabuti, Prêmio Biblioteca Nacional)
Matheus Arcaro é Mestre em Filosofia contemporânea pela Unicamp. Pós-graduado em História da Arte. Graduado em Filosofia e também em Comunicação Social. É professor, artista plástico, palestrante e escritor, autor do romance O lado imóvel do tempo (Editora Patuá, 2016), dos livros de contos Violeta velha e outras flores (Editora Patuá, 2014) e Amortalha (Editora Patuá, 2017), do livro de poesias Um clitóris encostado na eternidade (Editora Patuá, 2019) e do livro de filosofia Nietzsche: verdade com metáfora e linguagem como dissimulação (Editora Amavisse, 2022). Também colabora com artigos para vários portais e revistas.