A grande magia desta novela – Corredor do tempo –, da escritora Adriana Vieira Lomar decorre justamente da ficção impregnada de imaginação criadora. Capaz de, inadvertidamente, e já em sua abertura, lançar o leitor em uma atmosfera impressionista e lúdica. O tom impressionista propõe o acordo ficcional entre leitor e autor e é dado pela voz narrativa que afirma: “Eu era bem pequena, vivia caindo. Minha cabeça era muito grande em relação ao resto do meu corpo.” Muito embora o leitor saiba que está lendo uma história imaginada, não supõe que esteja lendo desvarios. Em primeira cena encontramos uma menina (?) que narra, uma ‘leoa de túnica branca’ e uma “deusa” responsável pela narradora. Mas quem conta a história? Parece-nos que a garotinha. A autora habilmente acende as primeiras luzes do seu corredor ficcional, apelando para a sugestão de imagens e a impressão de uma atmosfera difusa, impondo uma realidade repleta de aspectos sinestésicos e metafóricos. — Krishnamurti Góes dos Anjos
O que poderia ser só uma fábula nas mãos da escritora Adriana Vieira Lomar se transforma numa pequena peça (quase) paranormal sobre pertencimentos na era do domínio virtual que poderá também se associar aos fantasmas sobre apegos, afetos, amizades e reconciliações. O riso é trocado por brisas entre os lábios do leitor que absorve as entrelinhas da residência de certo banheiro azul com alguma sabedoria a contrapelo. — Fernando Andrade
Adriana Vieira Lomar (1968) é carioca, tendo passado parte da infância e adolescência em Maceió. Integrante dos grupos literários Os quinze e Caneta, Lente & Pincel. Pós-graduada em Arte, Pensamento e Literatura Contemporânea e Roteiro para TV, Cinema e Novas Mídias pela PUC-RIO, autora de Carpintaria de sonhos (poemas, 2005), do romance Aldeia dos mortos (Editora Patuá, 2020), do livro de contos Ambiguidades (Editora Penalux, 2021) e do romance Ébano sobre os canaviais, vencedor do prêmio Kindle 2023 em parceria com a editora Record. O romance Aldeia dos mortos foi apontado como um dos vinte melhores romances de 2020 pela Revista Literatura e Fechadura e apontado como “os melhores livros e resenhas de 2020” nos blogs “maeliteratura” e “mundo de K.”.